terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Devaneio

Nos meus caminhos, onde vou devaniando, me aproximando e afastando de uns e outros, muitos passam e sou passagem em alguns. Perdido, procurando um caminho em vida, acho um e outro e vou pinçando. Como um cigano, vejo-me longe da vida de todos, mas muito perto da minha. Cercado de muitos, sinto a falta dos poucos que hoje escolhi estarem longe de mim. Mas estes são alicerces passados e futuros, que no meu presente, ajudam-me a montar os frutos da minha árvore bibliográfica, bem enraizada, mas repleta da podridão minha, que cai ao passar do seu tempo e vai me desnudando a cada queda, para transformar-se e criar ao meu redor, uma floresta das personalidades diversas que me cercam, mas que pelo seu enraizamento não podem perto de mim chegar. Mas nosso contato visual já acalenta. Os pássaros misturam nossas essências. E quem sabe, com o passar do tempo e o nosso crescer, nossos galhos, lá em cima, venham a se tocar, nos mostrando um novo ecossistema interior, diferente do simples passar por aqui. Minhas andanças nem sempre são calmas, pelo contrário, turbulentas em grande parte, mas essa inconstância faz parte de mim. O cerne do meu mar é revolto, me causa tormentas e atormenta. Às vezes, minha maré aparenta calmaria, se retira, mas, como um tsunami, surpreende, causa dor, passa causando desastre devastador e afasta quem gosta de mim. Mas sou assim. Não escolhi, apenas sou. Por isso, mesmo longe, quero vocês aqui.

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