terça-feira, 22 de março de 2011

Escorreguei, uma saliência, um pulo, retomo a base e afundo. Desço sem mais ser dono de mim. Rodo. Sou virado do avesso. Desvirado. Neste momento subo, mas na verdade desço. Não sei mais onde estão o fim e o começo. Reajo, sem ter como reagir. O instinto me faz parecer um ser irracional, que tenta se defender. Enfim, acredito estar dono de mim. Mas no fundo não é assim. A água sacode se rindo toda, rindo de mim. Levanto a mão, uma pedra na contra-mão. São apenas seis segundos, mas parecem a eternidade do findar de uma etapa nesse mundo. Volto para o meio revolto. Sou cuspido. Guiado e vejo um espelho. Me vejo. Incrédulo em mim mesmo. Me creio. A água me devolve aliada ao movimento das pernas. Parece ter sentido pena de mim e me devolve o corpo que já era dela. A cabeça emerge desnorteada, trazendo junto o resto do corpo, batizado, “desmorto”. Só me resta subir de novo.

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