sexta-feira, 30 de junho de 2017

Quereres

Se eu fosse procurar um tema para esse começo de programa, “O quereres’ de Caetano me serviria de inspiração, no paradoxo do que tu queres para o que tu desejas, na briga que o tu almeja, inicia-se uma conflituosa relação. Eu quero suco e cerveja, ela ensina a dizer não. Esse dilema entre ser boêmio e ter a vida saudável vem de longa data. Entre idas e vindas, entre ganhos e perdas, mais perdas com ganhos de uns quilos aqui, outros tantos ali, uma balança que tende desproporcional, onde é mais fácil barganhar a quebra de regra apenas visando o prazer total! O que seria de fato esse prazer? E ela pergunta qual o quereres que tu queres para ti? E como o que tu queres para dizer não ao que tu não podes mais querer. Queres ser o ser profano, beirando ao insano, numa insaciedade que tu não podes mais querer.


O programa enfrenta sua primeira roda de samba e eu na dúvida do quero e do poder. Um conflito do que se é para o que quer ser ou voltar a algum lugar onde se foi, mas que o imperfeito do pretérito mais próximo acena não poder deixar para depois. A cena é essa: a mesa tem cerveja e cachaça, e as garrafas d’água se acumulam aos meus pés. Não me prendem. Sigo inebriado com o toque da música, a energia que me contagia, olho no olho, não deixo para depois. A caipirinha vem sem álcool, limão e morango, prazer a dois, sem estimulante, a coisa flui natural, não precisa deixar para depois. Digo um não, conto até dois. Viro a cara, olho. Até me deixo seduzir, mas e depois? Conto o três! Desce uma água! E o jogo segue olho no olho, uma noite se foi.

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